O "recordarasinvasoes" é um blog que surgiu no contexto das Comemorações do Bicentenário das Invasões Francesas.
Viaja no tempo e recorda os seus actores,as frentes de batalha e outras histórias...
sábado, 16 de maio de 2009
II Bicentenário das Invasões Francesas em Amarante
Napoleão, imperador dos franceses e rei da Itália decreta: Artigo 1º - As ilhas britânicas são declaradas em estado de bloqueio. Artigo 2º - É proibido todo o comércio com as ilhas Britânicas.
Decreto Napoleónico de 1806
Bandeira Nacional Francesa
QUEM FOI NAPOLEÃO?
Napoleão Bonaparte nasceu no ano de 1769, foi o dirigente efectivo da França a partir de 1799 e adoptando o nome de Napoleão I foi Imperador da França de 18 de Maio de 1804 a 6 de Abril de 1814, posição que voltou a ocupar rapidamente de 20 de Março a 22 de Junho de 1815. Além disso, conquistou e governou grande parte da Europa central e ocidental. Napoleão nomeou muitos membros da família Bonaparte para monarcas, mas eles, em geral, não sobreviveram à sua queda. Foi um dos chamados "monarcas iluminados", que tentaram aplicar à política as ideias do movimento filosófico chamado Iluminismo.
Napoleão Bonaparte tornou-se uma figura importante no cenário político mundial da época, já que esteve no poder da França durante 16 anos e nesse tempo conquistou grandes partes do continente europeu. Os biógrafos afirmam que o seu sucesso deu-se devido ao seu talento como estrategista, ao seu talento para empolgar os soldados com promessas de riqueza e glória após vencidas as batalhas, além do seu espírito de liderança.
AGENDA CULTURAL – II BICENTENÁRIO DAS INVASÕES FRANCESAS
- 28 de Março a 5 de Setembro de 09: Exposição evocativa das Invasões Francesas: "O Porto nas Invasões Francesas" - Biblioteca Municipal Almeida Garrett (galeria);
- 30 de Agosto a 4 de Setembro de 09: Congresso Internacional da História Militar - Edifício da Alfândega, Porto;
- Outubro: 1º Balanço do programa das evocações e lançamento das actas do Congresso: "Fermentação Popular"; O aro do Porto e as Invasões Francesas - Resistência, Revolta e Mudança, AMP;
- 6 de Novembro a 4 de Dezembro de 09: Colóquio "As Invasões Francesas no concelho de Sto Tirso - Centro Cultural de Vila das Aves;
- 20 de Novembro de 09: Edição do Livro Infanto-Juvenil: "Os Heróis da Defesa da Ponte de Negrelos" - Santo Tirso;
No passado dia 4 de Abril de 2009, o Círculo António do Lago Cerqueira, patrocinado pela Câmara Municipal de Amarante, organizou um roteiro pedestre evocativo do percurso das tropas do general Loison, aquando da 2ª Invasão Francesa. No evento, aberto ao público, participaram grupos de faixas etárias muito distintas, unidas no gosto pela História. O Colégio de S.Gonçalo foi também representado por um grupo de alunos de 11º e 12º anos de Línguas e Humanidades e Comunicação e Informação Multimédia, acompanhados pelas professoras Rosa Maria Fonseca e Bárbara Alves. Este grupo marchou pacífica e heroicamente desde Vila Meã até Amarante, parando apenas em locais onde se sabe terem acontecido escaramuças e alguma violência por parte das tropas francesas. O dia de sol e a temperatura amena contribuíram para o sucesso da caminhada.
Amália Carvalho, 12º 4A2, Revista Ecos – Colégio de S. Gonçalo
O baixo-relevo de Teixeira Lopes, "Alminhas da Ponte"
Ponte das Barcas: o que resiste 200 anos depois?
Há 200 anos, a ameaça das tropas napoleónicas precipitou a maior tragédia da história do Porto. Hoje em dia, restam manifestações de religiosidade popular nas "Alminhas".
Comemora-se este fim-de-semana - com direito a presença do Presidente da República e às cerimónias de protocolo - aquele que é um dos episódios mais marcantes da história da cidade do Porto. Para os que não conhecem a história da Ponte das Barcas, fica uma primeira achega. Foi numa quarta-feira "negra", a 29 de Março de 1809, durante as segundas invasões francesas, que se instalou o pânico no Porto, levando militares e civis a fugir pela Ponte das Barcas, que acabaria por ceder e colapsar nas águas do rio Douro.
Não se sabe ao certo quantos pereceram neste episódio fatídico. No entanto, há relatos de que tenham morrido afogadas cerca de quatro mil pessoas, incluindo mulheres e crianças. O historiador do Porto Germano Silva assevera que foi a "maior catástrofe que houve no Porto desde sempre". O facto de terem morrido centenas de inocentes, pessoas que apenas queriam fugir à guerra, deixou uma marca trágica na memória da cidade. "Uma mortandade muito grande", descreve Germano Silva.
Sob o comando do marechal Soult, as tropas de Napoleão entram na cidade. Germano Silva, afirma que "as defesas eram muito frágeis". Convicção corroborada por Júlio Couto, que relata ao JPN que "a defesa do Porto tinha sido perfeitamente inócua". Chaves foi ocupada sem resistência a 12 de Março. As tropas francesas, lideradas por Soult, avançaram assim para Braga, a caminho do Porto. Com a noção de que não teriam hipótese perante as forças napoleónicas, e que com uma ocupação da cidade, viriam os saques e as violações, a população portuense entra em pânico e, no dia 29, desce para a Ribeira e tenta escapar para Gaia, através da Ponte das Barcas.
O Bispo do Porto, D. António de S. José e Castro, que na altura representava a autoridade, assumindo o cargo de comandante militar da defesa da cidade, partiu no dia 28 para a serra do Pilar. Abençoou as tropas e disse que por uma razão de estratégia ia para o outro lado do rio. Germano Silva acredita que se tenha apenas escudado lá, "para salvar a pele". Da mesma opinião é Júlio Couto, que caracteriza o bispo como "inepto" a dirigir.
Dois séculos depois, existem diferentes opiniões sobre a razão do desastre. Diz-se que a ponte não terá aguentado a pressão da multidão e que se desfez. Júlio Couto defende exactamente esta versão. O pânico foi tal que quando os franceses chegaram à ribeira já boiavam centenas de corpos no rio Douro.
Por outro lado, há relatos de que alguém teria aberto um alçapão na ponte, para impedir que os franceses a atravessassem. Sérgio Veludo, docente na Escola Superior de Educação do IPP e especialista em história militar, considera esta versão mais plausível, pelo menos a nível militar. Assim, poderiam ter sido "os sapadores militares portugueses" a retirar "pranchões da ponte para impedir a passagem das tropas francesas para o sul do Douro", para obstruir o avanço do inimigo.
Independentemente da versão mais acertada, a verdade é que algo mudou no Porto que viu ruir a Ponte das Barcas. " Teve características fortemente traumáticas para os portuenses", realça Sérgio Veludo, sobre o dia em que a Invicta deixou de o ser.
A zona da ribeira do Porto é conhecida pela sua tradição religiosa. As "Alminhas da Ponte", o baixo-relevo em bronze de Teixeira Lopes, em memória dos que morreram no desastre da Ponte das Barcas, é ainda um local de culto para alguns portuenses. O historiador Germano Silva conta que a obra manteve uma recordação emotiva das pessoas que morreram no desastre.
Porém, hoje em dia, e como explica Júlio Couto, com o passar do tempo, as "Alminhas da Ponte" tornaram-se "um facto de piedade popular" e passaram a ser "veneradas como intercessoras junto de Deus".
"O imaginário popular não tem limite", declara o historiador do Porto. Opinião partilhada por Júlio Couto: "as pessoas têm a necessidade de um imaginário, a necessidade de que alguém as guie". Uma simples manifestação de religiosidade popular que 200 anos depois ainda sobrevive, juntamente com a memória da Ponte das Barcas.
Por Sara Santos Silva - jpn@icicom.up.pt Jornalismo Porto Net – Universidade do Porto/Ciências da Comunicação
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